Era importante implantar uma moradia sem destruir a magnífica paisagem do douro. Concebe-se uma casa de campo completamente integrada no socalco existente. No muro rasgam-se as aberturas para desfrutar a paisagem desde os quartos e a sala. A cobertura é totalmente verde. Dois pátios albergam as atividades íntimas do lar. No Douro património mundial, tudo fica como sempre esteve: bem.
Casa ecológica no Douro
Imagens
A integração na paisagem
Esta casa localiza-se na aldeia de Provesende, concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real. Nesse sentido a casa está num terreno acidentado e envolta em vinhas construídas em socalcos. Quisemos reduzir o impacto da construção ao máximo e mantivemos visualmente a componente agrícola da paisagem. Para tal fizemos uso de uma cobertura com terra vegetal semelhante à envolvente das vinhas em redor.
O processo de licenciamento e construção
O processo de licenciamento decorreu na Câmara Municipal de Sabrosa. Logo após a aprovação do projecto de arquitetura desenvolvemos as especialidades de engenharia. Imediatamente a seguir preparamos o projeto de execução e selecionamos um construtor local pois este tinha mais experiência com a construção em xisto. Uma vez que a construção decorreu sem problemas, obtivemos a licença de utilização final em ano e meio após o início da construção.
A importância dos materiais na construção ecológica
Desenhamos esta casa com uma preocupação em utilizar os materiais tradicionais no Douro. Por isso privilegiamos o xisto e a terra. Neste sentido todo o exterior possui apenas estes dois materiais. Isto significa uma poupança enorme em CO2, uma vez que todo o material utilizado estava no local. Escavamos a casa na rocha e a própria rocha nos forneceu os muros. A terra que deslocamos é precisamente aquela que utilizamos na cobertura.
Adicionalmente é importante referir que o xisto é um material especialmente adequado para construir ecologicamente, facto demonstrado com o estudo académico realizado às construções em xisto.
A inércia térmica na casa ecológica
O Douro tem temperaturas muito altas de dia e um acentuado arrefecimento noturno no verão. No inverno as temperaturas do ar baixam para temperaturas próximo de zero, mas a terra em profundidade não. Isto significa que existe a capacidade de aproveitarmos a inércia térmica para climatizar a casa passivamente. Foi isso que fizemos nesta casa. A casa é escavada no terreno, precisamente para aproveitar este energia gratuita no inverno e no verão.
A conceção desta habitação aproveita a massa térmica do terreno envolvente, beneficiando da inércia térmica proporcionada pela construção parcialmente enterrada. Estudos demonstram que a elevada massa térmica contribui para a estabilidade térmica interior, reduzindo as oscilações de temperatura ao longo do dia. Este princípio é explorado em vários trabalhos académicos sobre a inércia térmica como este estudo da Unversidade de Coimbra ou esta tese da Universidade de Évora.
Esta casa é assim mais uma contribuição importante na caminhada para um mundo mais sustentável.