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Moradia em Valongo

Desenvolvemos este projeto de arquitetura reabilitando parte de uma construção antiga e aumentando-a com uma nova construção salvaguardando o ambiente e os custos de construção. O rigor que aplicamos nas várias fases de projeto poupou ao cliente imprevistos no licenciamento e na obra.

Imagens

Moradia em Valongo - A casa no jardim
A casa no jardim
Fachada da Moradia em Valongo
Fachada da Moradia em Valongo
Moradia em Valongo - Entrada
Entrada entre os dois corpos
Moradia com Passadiço entre Antigo e Novo
Passadiço entre Antigo e Novo
Interior de Moradia - Sala de jantar
Sala de jantar
Esquiços da Moradia em Valongo
Esquiços da Moradia em Valongo
Maquete da Moradia Valongo - Fachadas para o jardim
Fachadas para o jardim
Maqueta da Moradia Valongo - Fachadas para a rua
Fachadas para a rua
Jardim e Moradia em Valongo - Planta
planta do projeto

Situação antes do projeto

O projeto desta casa procurou respeitar a construção existente, as construções vizinhas, e dar resposta às necessidades de uma família contemporânea. O lote situa-se na freguesia de Sobrado e tem acesso pela via pública, possuindo uma frente ampla com cerca de 15,7m de largura e uma profundidade de cerca de 36m, totalizando a área de 612m2.

A construção antiga era uma habitação geminada de um piso com 43,7m2 de área bruta. Possuía quatro pequenas divisões de igual dimensão, sendo uma delas cozinha, outra sala e os restantes quartos. Existiu em tempos uma casa de banho exterior na fachada posterior. A edificação antiga possui telhado de três águas em telha marselha e sobre estrutura de vigas de madeira assentes em alvenaria de pedra à vista. Esta construção tinha uma área muito reduzida para as exigências atuais de comodidade, não possuindo sequer uma área para a higiene dos moradores.

Estratégia do projeto de ampliação da casa

No desenvolvimento do projeto desta moradia procuramos alterar o mínimo possível as cotas do terreno e o exterior da edificação existente, com o fim de integrar bem a nova construção neste e na relação com os lotes e construções vizinhas. Desta forma manteve-se na íntegra o exterior da pequena habitação, fazendo a ampliação para o seu lado Oeste, área mais afastada das restantes construções. Propusemos um pequeno corpo mais baixo, que permite a união entre a construção antiga e a construção nova, e um corpo maior, de cércea igual à da construção existente. Propusemos adicionalmente um pequeno anexo, na parte posterior, onde anteriormente existiu uma casa de banho exterior, que colmata a empena de uma construção vizinha idêntica.

A entrada

A entrada de pessoas no lote faz-se na área central, em frente ao novo corpo baixo. Ao mesmo tempo, existe um pequeno desnível desde a cota da rua até à cota de acesso. Resolvemos o desnível através de rampa com 4% de inclinação e comprimento de 3,15m.  Criamos um patamar exterior de 1,5m, de nível, parcialmente coberto por um pequeno alpendre (75cm).

Corpo baixo

O corpo mais baixo funciona simultaneamente como átrio de entrada e de distribuição da habitação, possuindo uma franca área para manobras e circulação. Desse modo, sendo este volume mais baixo que os dois corpos principais, funciona como elemento de ligação entre o antigo e o novo. Como está abaixo da linha do beirado existente, permite facilmente o bom funcionamento dos dois sistemas construtivos (antigo e proposto). Em suma, esta pequena construção possui duas fachadas de vidro (que funcionam como acesso principal e acesso direto ao jardim) e uma cobertura em painel sandwich, com pendente mínima.

Construção existente

A construção existente mantém na íntegra a sua configuração exterior, não sendo alterado o seu revestimento exterior em alvenaria de pedra, igual ao da casa geminada. Assim, funciona como a zona dos dois quartos, sendo dotada por um pequeno w.c de serviço e por uma casa de banho completa e acessível a Pessoas de Mobilidade Condicionada. Contudo, possui ainda um pequeno compartimento para arrumo.

Novo volume

Implantamos o novo volume a Oeste segundo o alinhamento da construção existente na relação com a Rua da Rampinha. Desenvolve-se perpendicularmente à via de acesso, para o centro do terreno, configurando assim na zona posterior do lote um pequeno pátio exterior. Possui apenas um piso, sendo a sua cércea máxima igual à do volume existente. A sua cobertura é de duas águas, de alguma forma semelhante ao existente, com a cumieira perpendicular à via de acesso. No geral a volumetria possui linhas simples, com paredes rebocadas a cor cinza-escuro (cor de RAL idêntico ao granito da habitação existente) e com janelas predominantemente verticais de alumínio cinzento-escuro. Existe um pequeno corpo vertical na fachada Oeste que pontua a chaminé da lareira da sala.

No seu interior funcionam os espaços comuns da habitação, ou seja, a sala de estar, a sala de refeições e a cozinha, com um pequeno espaço separado para tratamento de roupa. Separamos a cozinha das salas por painéis de correr, permitindo a união pontual dos dois espaços, sempre que desejado. Os vãos da zona de estar permitem o franco relacionamento com o jardim e uma ótima iluminação dos espaços interiores.

Esta parte nova tem uma cobertura a duas águas e uma janela vertical na cozinha que a população diz assemelhar-se a uma igreja cristã. No fundo, é a nossa homenagem à Bugiada e Mouriscada!

O pequeno anexo

O pequeno anexo exterior a norte pretende colmatar a empena da construção vizinha, albergando uma zona de duche exterior e uma zona de arrumo para material de jardinagem e lenha. Assim, éÉ uma construção de um piso, mais baixa que a principal, com cobertura inclinada, seguindo a pendente da construção vizinha existente. Esta pequena construção possui a cor cinza-escuro com RAL próximo do granito. Adicionalmente este volume possui vãos em rede aberta, para melhor ventilação dos espaços interiores

Fases do projeto

Aqui estão descritas as fases do projeto até à conclusão.

Estudo Prévio

Desenvolvemos o Estudo prévio de modo extremamente detalhado. A maquete permitiu que o dono de obra interpretasse da melhor forma os desenhos (plantas cortes e alçados).

Anteprojeto

Antes de submeter o processo na Câmara Municipal de Valongo, o mesmo foi sujeito a uma reunião prévia com os técnicos de urbanismo na câmara. Gostamos de o fazer pois garantimos que a interpretação que fazemos dos Planos diretores municipais são compatíveis com a leitura que deles fazem os arquitetos do departamento do urbanismo da câmara. Neste caso não foi necessário alterar nada no no anteprojeto pois estávamos a cumprir toda a legislação.

Projeto base e Pedido de licenciamento

O licenciamento foi um processo bastante expedito dada a simplicidade do projeto. Tratou-se de um licenciamento de obras de ampliação.

Projeto de Execução

Desenvolvemos o projeto de execução com desenhos gerais, pormenores, caderno de encargos e medições. O cliente tinha urgência e como tal executamos este trabalho em menos de 30 dias. O concurso de obra selecionou um construtor local.

Fiscalização de Obra

A direção de Fiscalização de obra decorreu de acordo com a máxima normalidade, não tendo havido quaisquer conflitos a dirimir. As questões mais importantes durante a obra foram a impermeabilização de uma chaminé e de um caixilho. Após alguns testes concluiu-se que o caixilho apresentava uma borracha trilhada e o chapéu da chaminé uma altura com cerca de 5cm superior. Conseguimos corrigir ambos os aspetos .

Soluções adotadas na construção

As soluções construtivas estão descritas no corte construtivo que integra o Projeto de Arquitetura. A construção existente mantém toda a estrutura de paredes e cobertura. Para melhor conforto da construção, propusemos uma caixa de ar interior dotada de isolamento térmico. A cobertura é também dotada de isolamento térmico, colocado sobre a laje existente e mantendo assim a sua configuração exterior em telha marselha. Os caixilhos são de alumínio de cor cinza-escuro, com proteções solares exteriores em portadas de alumínio também de cor cinza-escuro.

A construção nova possui uma estrutura de betão aligeirada com paredes de tijolo. Os acabamentos exteriores são em reboco sintético cor cinza sobre isolamento térmico e a cobertura em telas líquidas sobre isolamento térmico. Os caixilhos são também de alumínio de cor cinza-escuro. O interior é rebocado e pintado e o pavimento em madeira à exceção das zonas de águas. As zonas de águas possuem revestimentos laváveis em cerâmica, quer no pavimento quer nas paredes até 2 m. Está também prevista a colocação de dois painéis solares para aquecimento de águas sanitárias na pendente mais favorável da cobertura existente.

Uma casa acessível

A acessibilidade é no nosso entender muito mais do que uma necessidade ou imperativo legal. A acessibilidade é tratar todos os seres humanos por igual. Por isso encaramos a acessibilidade como uma mais-valia e tentamos que se aplique ao máximo de locais possível. Nesse sentido, procuramos ir um pouco mais longe e criar zero barreiras a pessoas de mobilidade condicionada nesta habitação. Não há quaisquer desníveis intransponíveis, todas as portas permitem a sua abertura por pessoas de cadeiras de rodas e todos os espaços foram pensados para uma utilização confortável mesmo em situações de difícil mobilidade.

A reabilitação e a pegada ambiental

Reabilitar edifícios é uma forma de reciclar materiais. Assim, ao usarmos recursos disponíveis sem os desperdiçar poupamos o meio ambiente.

A nova habitação tinha a certificação energética F e passou à categoria A. Isto significa que no futuro os consumos também serão muito baixos poupando recursos ambientais. Pelos nossos cálculos a casa gastava 3900 kwh por ano passou a gastar 2700 kwh por ano.

No fundo, acabamos por reabilitar mais um edifício e adequar as suas necessidades de eficiência energética, de conforto térmico e funcionalidade dos dias de hoje. A reabilitação é de facto um processo complexo e tecnicamente exigente quer na construção quer em projeto, mas o resultado positivo acaba por ser evidente. Na realidade, conseguimos uma considerável poupança com todo o material reciclado e um conjunto geral que nos permite manter a memória do passado e incorporá-lo em espaços contemporâneos.

A moradia é também um exemplo de como podemos viver em harmonia com o Parque das Serras do Porto uma vez que está muito próxima deste desde as suas janelas é possível avistar a floresta.

A verdade é que nesta habitação procuramos um desempenho térmico excelente. Em suma, o ambiente agradece, o orçamento familiar baixa e os consumos energéticos são consequentemente inferiores.

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