O arquiteto e o projeto em BIM
O BIM é um processo de trabalho extremamente útil no nosso gabinete. Em alguns projetos pode não ser o mais indicado, mas o seu âmbito de aplicação tem-se alargado constantemente. No fundo é um processo que através do controlo do modelo reduz todos os riscos de incompatibilidades entre desenhos e especialidades de engenharia e arquitetura. Contudo, em alguns processos onde o risco de incompatibilidade é baixo pode ser mais útil, competitivo e célere a adoção de processos mais simplificados. Em resumo, o BIM é fundamental, mas a sua aplicação pelos arquitetos deve ser feita caso a caso.
Definição de BIM
O BIM ou a expressão original inglesa de “Building Information Modeling” significa o processo de tratamento da informação digital contendo dados sobre processos construtivos e características dos edifícios. Embora o conceito remonte aos anos 70, nos primórdios da representação gráfica através dos usos de computadores, a sua real implementação só ocorre com fabricantes de software a partir de 1987 pela GRAPHISOFT e a partir de 2002 pela AUTODESK e a BENTLEY a definirem o BIM como uma prioridade. Cada fabricante desenvolveu o seu formato proprietário de ficheiro, contudo o aparecimento do formato IFC desenvolvido pela Building SMART tem-se consagrado como o melhor método de exportação e importação de ficheiros. Vários países têm adotado o BIM como uma exigência e o formato IFC tem estado no centro deste processo global.
Vantagens do BIM
As vantagens para arquitetos e dono de obra podem-se claramente distribuir da seguinte forma:
- Rapidez de projeto
- Este processo de projeto se aplicado em casos com a escala mínima adequada permite maior rapidez na representação e cálculo de cada especialidade de engenharia e desenho de arquitetura.
- Redução de erros
- Como todos os desenhos resultam de um modelo está garantida a qualidade e compatibilidade entre plantas cortes e alçados.
- Redução de incompatibilidades entre especialidades
- A sobreposição de todas as especialidades de engenharia e a arquitetura sobre o mesmo modelo tridimensional permite detetar todos os conflitos em projeto e antecipar a sua resolução.
- Maior realismo
- O facto de se tratar de um modelo tridimensional permite simular comportamentos térmicos, acústicos, estruturais, etc., segundo diferentes condicionantes e garantindo assim um projeto mais testado.
- Maior detalhe
- O facto de cada elemento possuir dados técnicos permite introduzir mais conteúdos nos desenhos e assim informação valiosa.
- Melhor manutenção
- Uma vez que existe um formato digital com toda a informação do edifício é assim mais fácil encontrar a resolução de qualquer problema que o edifício possa ter futuramente através de uma simples busca no mesmo.
- Melhor gestão
- O facto de cada elemento possuir dados técnicos permite que instalações como são o caso dos equipamentos de domótica tenham uma gestão eficiente e uma base de dados tridimensional que pode ser gerida em tempo real.
Desvantagens do BIM
Os problemas ou constrangimentos para arquitetos e dono de obra podem-se claramente enumerar da seguinte forma:
- Empresas de Construção
- Este processo está pouco implementado nas empresas de construção onde o formato dwg é ainda o standard. Isto limita as vantagens do sistema aos projetistas e a obra não tira partido da nova gestão.
- Fabricantes de produtos de construção
- A generalidade dos produtos e materiais de construção não possuem modelos no formato IFC, obrigando os projetistas a implementar cada caso nos projetos perdendo-se eficiência e competitividade.
- Enquadramento Legal
- O país possui um enquadramento legal atrasado a este nível. Os processos de licenciamento digitais são algo muito recente e ainda não abrangente em todo o território. O salto do BIM é ainda superior e as instituições públicas estão longe de estar preparadas.
- Custo do software
- O software de conceção representa um custo inicial importante para os projetistas, pese embora o retorno futuro seja enorme.
- Custo do Hardware
- As maiores exigências de computação obrigam a uma atualização mais frequente dos equipamentos informáticos, com os consequentes custos iniciais para os projectistas.