O papel do arquiteto
O papel dos arquitetos no desenvolvimento de um estabelecimento comercial assenta sobretudo no conhecimento que possuem sobre os instrumentos a utilizar de modo a aumentar a taxa de conversão e satisfação dos consumidores. Ou seja, este conceito fundamental acaba por ser válido para qualquer tipo de estabelecimento independentemente do segmento, dimensão ou sector onde operamos.
Um estabelecimento comercial deve ser organizado de modo a facilitar ao máximo a vida ao cliente, aos fornecedores, aos empregados e à faturação. Isto é, o espaço deverá ser desenhado de modo a permitir a maior entrada de clientes possível em perfeito conforto, a tornar os produtos o mais bem organizados e expostos possível e por fim a tornar cómoda e eficaz a finalização da compra rapidamente.
Um arquiteto sabe efetivamente tornar uma montra e entrada convidativa. Ao mesmo tempo o arquiteto tem instrumentos para direcionar os consumidores no interior do espaço e sabe otimizar fluxos de tráfego em zonas constrangidas. Em suma, um profissional de arquitetura conhece os processos e as medidas a tomar para tornar o acesso de fornecedores eficaz de modo a fazer chegar o produto às prateleiras com as melhores condições e com o mínimo de esforço e reduzido número de funcionários.
Tipos de Comércio
Pese embora as estratégias de âmbito geral, os estabelecimentos comerciais possuem características distintas e particularidades diferentes consoante o sector, a dimensão e o segmento.
A marca
A existência ou não de uma marca própria condiciona indelevelmente as características de um espaço comercial.
- Loja multimarca
- Trata-se de uma loja ou distribuidor que apresenta várias marcas e vende assim produtos de cada uma delas.
- Loja de marca própria
- Trata-se de uma loja que promove e vende unicamente os produtos de uma determinada marca. Contudo, não significa que pertença à casa detentora dessa marca. A loja pode ser apenas um franchising.
Diferenciação pelo sector
Diferentes sectores possuem especificidades particulares sobretudo de natureza funcional. Adequar esses procedimentos a cada caso é precisamente o papel do arquiteto.
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Loja de artesanato e produtos regionais
- É um sector que tem evoluído bastante na medida em que se torna relativamente acessível a diferenciação através da comercialização de produtos artesanais de uma dada região ou produzidos por determinados artistas.
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Produtos alimentares
- Estas lojas incluem supermercados, minimercados, mercearias, frutarias, lojas de legumes, talhos, peixarias, charcutarias, lojas gourmet, provas de vinho, e outras especializadas em alimentação. A pesada legislação alimentar condiciona em muito a sua atividade.
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Perfumarias
- Estas lojas sofreram ultimamente uma enorme evolução e mas continuam a ser altamente rentáveis.
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Drogarias
- Estes espaços eram atá à pouco lojas de pequena dimensão. Entretanto, entraram no sector lojas de maior dimensão que mostraram que estes produtos continuam a ser procurados se convenientemente distribuídos.
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Parafarmácias
- As parafarmácias foram recentemente organizadas no foro legal e permitiram comercializar uma vasta gama de produtos que antes só estavam distribuídos por farmácias
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Lojas de roupa pronto-a-vestir
- Nos últimos tempos temos verificado que aparecem constantemente nichos de mercado que apresentam rentabilidades elevadas apesar da competitividade do sector.
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Sapatarias
- As necessidades funcionais são bastante mais reduzidas se comparadas com as lojas de roupa. Recentemente algumas inovações importantes na forma de armazenar e apresentar o produto alteraram a filosofia destes espaços.
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Lavandarias, tinturarias e casas de costura
- Estes espaços têm evoluído ao longo dos tempos fruto da menor procura na manutenção e reparação do vestuário ou produtos têxteis.
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Loja de eletrodomésticos ou de reparação de produtos elétricos
- Este sector tem evoluído de acordo com a escala dos produtos vendidos. Alguma dimensão tem sido necessária de modo a tornar rentável a distribuição e reparação.
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Papelarias
- Estes espaços sofreram nos últimos anos forte concorrência das lojas dedicadas a material de escritório. O sector da educação continua a ser fundamental para este negócio.
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Livrarias
- Novos conceitos de livraria têm tido algum sucesso como resultado da associação da mesma com outros sectores de negócio dentro do sector da cultura ou mesmo fora deste, permitindo a atração de novos públicos.
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Relojoarias e ourivesarias
- São espaços altamente condicionados por questões de segurança e cuja rentabilidade está também muito associada à localização.
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Estabelecimentos de materiais de construção, ferragens e ferramentas
- Até à pouco orientados a profissionais do sector, estes espaços sofreram ultimamente uma forte concorrência dos espaços de bricolage e do faça-você-mesmo>.
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Mobiliário e decoração
- As lojas de mobiliário e decoração pertencem a um sector altamente segmentado e competitivo. A diferenciação é um factor de sucesso.
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Barbearias, cabeleireiros e esteticistas
- O sector tem evoluído bastante com o aparecimento de franchisados e de nichos especializados como é o caso da depilação a laser.
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Stands de venda de automóveis
- A exposição e venda de viaturas possui requisitos particulares de localização e funcionalidade para garantir o sucesso do negócio.
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Estabelecimentos de comércio de animais ou de produtos e alimentos para animais
- O sector dos animais de estimação tem sofrido um constante crescimento. Espaços comerciais inovadores têm aparecido neste sector.
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Tabacarias, quiosques e lojas de conveniência
- Nos tempos recentes estes espaços sofreram algumas alterações importantes como consequência da conjugação deste sector com outros negócios e com a particularidade da publicidade.
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Floristas
- a localização destes espaços comerciais é a chave do sucesso deste tipo de negócio.
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Galerias de arte e lojas de antiguidades
- Um espaço onde a área e a segurança são fundamentais. O sector possui ainda muitas oportunidades para evoluir.
A dimensão
A área disponível numa loja condiciona enormemente o funcionamento da mesma assim como a gestão e o público-alvo de consumidores.
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Grande superfície comercial
- De acordo com decreto-Lei n.º 258/92, de 20 de novembro, alterado pelo decreto-Lei n.º 83/95, de 26 de abril considera-se uma grande superfície comercial os estabelecimentos de comércio a retalho ou por grosso que possuam uma área de venda contínua superior a 1000 m2, nos concelhos com menos de 30 000 habitantes, ou superior a 2000 m2 nos concelhos com 30 000 mil ou mais habitantes, ou o conjunto de estabelecimentos de comércio a retalho ou por grosso que, não dispondo daquela área contínua, integrem no mesmo espaço uma área de venda superior a 2000 m2 nos concelhos com menos de 30.000 habitantes, ou superior a 3000 m2nos concelhos com 30.000 ou mais habitantes.
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Superfície comercial média
- Entre 100m3 e 1000m2 as necessidades de funcionários e legais são completamente distintas. Do mesmo modo a escala e o volume de vendas são de âmbito médio, assim como a quantidade de capital a investir para fazer arrancar o negócio. Aqui estamos em presença normalmente de lojas multimarca e com mais que um sector envolvido. Contudo, nos casos de menor área trata-se ja de algumas lojas de uma única marca com ainda que com produtos vários. Em todo o caso, as necessidades funcionais e legais já são de uma exigência assinável.
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Pequena superfície comercial ou pequeno comércio
- Neste caso estamos em presença de espaços cuja dimensão é reduzida e que ronda sempre áreas inferiores a 100m2. Trata-se de lojas multimarca, mas também da maioria das lojas de marca. A sua reduzida dimensão exige também um criterioso desenho de modo a potenciar ao máximo as vendas. A exiguidade também permite um contexto legal menos exigente. Ao mesmo tempo a escala pequena coloca maior dificuldade na gestão, sendo muito comum estarem incluídas em organizações mais gerais ou do tipo franchisado
A diferenciação pelo segmento
Um bom estudo do mercado deve preceder qualquer investimento. Estes dados permitirão ao investidor e ao arquiteto desenvolver uma loja de acordo com o tipo de clientes pretendido.
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Alto
- O segmento alto é considerado geralmente como o espaço de venda de produtos escolhidos na sua maioria pela classe social que apresenta maiores rendimentos. Este grupo de consumidores, denominado por classe A, possui rendimentos que variam de país para país, mas que na generalidade consomem produtos já considerados de luxo ou de valor mais elevados. Uma loja orientada para este segmento obedece a cuidados muito especiais, à semelhança dos produtos que apresenta e vende.
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Médio
- O segmento médio consiste no fundo no grupo de consumidores denominado classe média. Ou seja, na generalidade dos casos diz respeito à esmagadora maioria de consumidores. Assim, trata-se de um grupo que apenas muito pontualmente adquire produtos de luxo e cuja relação preço e qualidade é fundamental na decisão de compra. Uma loja orientada para este segmento deverá possuir a mesma lógica de funcionamento, apostando na máxima funcionalidade e na maior rapidez e eficiência de funcionamento.
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Baixo
- O segmento mais baixo consiste no grupo de consumidores com menor rendimento e menor poder de compra. Desse modo, uma loja orientada para este segmento, dificilmente poderá ser reposicionada num segmento diferente. Contudo, este segmento não poderá ser considerado desprezível dado o volume de negócios que movimenta e dado o facto de alguns consumidores de segmento médio frequentarem e consumirem também nestes espaços. Na realidade, grandes marcas internacionais elevaram recentemente o patamar de qualidade dos produtos e lojas deste segmento a patamares até então nunca vistos, mostrando o potencial deste espaço de negócio.